Trazendo para o Blog o momento Old School, ou melhor, momento inspiração com uma lenda da noite Caxiense, o cara mando ver nas respostas que servem tanto como inspiração como informação cultural. Saber como era Caxias do Sul, e saber como ela é faz dessa entrevista fundamental para quem curte balada, em geral House Music...
Nome: Jamur Bettoni
Cidade: Caxias do Sul
Idade: 20 anos de cabine, ehehe
Estilo Musical: House, Prog, Techno
Myspace: myspace.com/jamurbettoni
Twitter: @jamurbettoni
Projeto A.C.M.E: Como e quando começou o seu contato com a música e o que levou você a ser DJ?
Jamur Bettoni : Meu pai era radialista, fui criado dentro das rádios de Caxias. Toco profissionalmente desde os 14 anos de idade, ganhar grana como dj sempre foi minha vida e profissão até 2008. Nessas 2 décadas passei por todas as épocas, públicos, febres, tendências, casas e festas que vcs possam imaginar. Fui apadrinhado pelo MAIOR Dj que Caxias já teve, o ROCHA NETTO (pai do Jorgeenho) toquei como residente em quase todas as casa de Caxias, Forum, Amadeus, Incitatus, Opera Prima, Quinta Estação 4 anos, Caminho Aventura 4 anos , Havana 8 anos e festas, Factori Music Party, Entre Amigos Forever, Olímpo Festa a Fantasia (Lajeado) Planeta Atlântida, entre outros.
As coisas eram diferentes, a primeira casa que eu toquei chamava Kanto Kente, sim, com K mesmo, tinha 2 toca discos CCE pendurados por correntes, pq o chão era de madeira, sem pitch, que se vc olhava atravessado, pulava. Djs não tinham acesso fácil a música e muito menos a outros djs fodões, discos só importados e caros pra caralho!
Projeto A.C.M.E: O que você pensa quando fala de música eletrônica e o que ela representa para você?
Jamur Bettoni : Representa crescimento, modernidade, conceito. Ao mesmo tempo, representa, desunião e estrelismo. Não importa se vc é do guetto ou do mainstream hoje em dia a música é a mesma, sem rótulos. Tem até um projeto da Melody http://melody.com.br/MusicaSemRotulos/ que trata isso,Fui um cara que levantou a bandeira da música eletrônica muito alto. Tinha um projeto chamado Woodstronic, apresentamos para a Serra os caras que eram top cena gaúcha na época, era o que eu podia pagar do meu bolso, e era bastante. JZK, Sarate, Superti, Alec Araujo, Double S, Danna, Cako Bolsoni, Mauricio S, Shouthman entre outros. Acabei massacrado graças a modinha do Psy. Ainda assim, baixei as orelhas, e tentei introduzir algo nesse mundo Psy, me aliei a Supply Full (Emma, Rodrigo, Maurinho, Fafá, Gusta) e fazia sets de Techno, vendido não? Pois é, fazia pela “cena”, era minha vontade de mostrar que o Techno nunca, jamais seria ou será modinha ou morrerá na praia. Durante 8 anos fui o residente do Havana, uma casa comercial que me dava liberdade, mas não tinha verba para fazer algo. Nôs virávamos como podia. Promovi e dei oportunidade a metade de uma geração de Djs e Vjs. Não podia descer o braço a noite toda, mas sempre transformávamos a Sub Way em um inferninho muito conhecido na região. Minha última cartada foi em 2008. Gastei 80 mil reais em equipamentos, para fazer, o Club da tal cena. Trouxemos o Oliver Giaccomoto, Fran Bortolossi, Luciano R, Danna tb se apresentaram, entre outras pessoas. Vários ligados a "cena" me diziam, pode contar comigo, agora sim vai rolar, eu venho tocar... Mas como não era um lugar de MODINHA, nem os tais undregrounds apareceram, terminou o dinheiro e com ele a paciência de fazer algo.
Projeto A.C.M.E: Qual sua opinião sobre a cena eletrônica no Estado?
Jamur Bettoni : A tal ceeena. Cena é coisa de teatro, não tem nada haver com o que temos aqui no estado.Os valores estão meio invertidos. A palavra cena é para diferenciar o underground do mainstream ? O underground é feito por poucos e para poucos, por que querem que milhares de pessoas participem disso como no mainstream. Os DJs de hoje são superstars, trabalham pela musica eletrônica, não ficam escolhendo onde vão tocar por causa da cena, vão e pronto, simples assim. Vejo minha prima de 17 anos falando de Booka Shade como se fossem os maiores ídolos da vida dela. O que eles fazem? Musica eletrônica, não fazem cena !Um super club como a SAVE, investe milhares de dólares para trazer 16 Bit Lolitas, Booka Shade e todos os outros porque ? Pra ver os radicais da cena babando no saco do Tiesto? Não, pela música, porque a massa já aderiu a Cultura Eletrônica e porque vale a pena investir dessa forma, tem retorno! O Green Valey colocou Trentmoller e Moony no mesmo dia, pra que? Pela música eletrônica e pelo o que ela proporciona, não pra fazer cena, eles criam conceitos!O Erick Morillo, todo poderoso do Subliminal, tocou Black Eye Peas no set dele. Pela cena ? Não, primeiro pq ele pode, ehehehe, depois pela união das pessoas, não vi ninguém critiacando o Erick Morrillo, que é um dos gênios da HOUSE mundial, pq ele tocou uma babinha no meio de muita música. O cara ficou sem luz as 7 da manha e não saiu do palco até voltar a luz, pelo o que ? essência, pela música e pelas pessoas. Não pela cena.A música eletrônica no estado é muito forte e é isso que importa. o resultado ajuda a"cena" a melhorar. Temos aqui o melhor dj do Brasil (Fabricio), somos um dos únicos estados que premia e destaca os seus talentos (Flybynight, Poa Beat) temos produtores Du caralho (Alec, Sarate) projetos que despontam You and Me, Shoutgroove, Overcast, entre outras coisas boas. É SÓ APROVEITAR!Falando de Caxias e região que é onde eu acho que temos que nôs focar. Dos projetos que eu tenho acompanhado, acho que o Fran Bortolossi vem fazendo um ótimo trabalho e já ta colhendo frutos disso. Gosto muito do som e sou admirador da técnica dele, impecável. Como eu disse no Twitter ele vai ser o cara ainda! Ouvi poucas vezes o Thobias e vejo que ele é um alucinado como eu fui e isso da gosto de ver, vc Gui, desde guri já encomodava no Havana, ehehe, e talvez nunca tenha tido espaço lá na época, mas vem conquistando ele na moral. O filhote Lucas Masiero, que eu cansei de correr da cabine do Quinta quando ele tinha 13 anos, (o pia chegava a tarde lá pra mexer nas minhas coisas), ahahahaha, ta ai se puxando e fazendo um ótimo trabalho. Acho inclusive que o Léo Z e o Elias Cappellaro estão mandando ver, (isso vai dar o que falar), fazem parte da história e o Pepsi Club é um Club muito bala. Os outros veteranos, já sabem minha opinião. Vejo as casas apoiarem os DJs incondicionalmente, isso não era assim. O
Projeto A.C.M.E: Você tem algum projeto focado para a nossa Cultura?
Jamur Bettoni : Não, acho que quem está ai está, ta fazendo o dever de casa e boa sorte, só me resta apoiar.
Projeto A.C.M.E: Qual sua expectativa para a Cultura Eletrônica do estado para 2010 ?
Jamur Bettoni : Quanto a mim, estou voltando a tocar, não com a mesma intensidade de antes, mas sim para fazer o que o DJ tem na essência, tocar para divertir as pessoas, não podemos esquecer isso nunca, trabalhamos para elas. Acho que temos um grande ano pela frente. Vamos ver DJs muito bons baixarem aqui!
Projeto A.C.M.E: Para você aonde é que tem a cena mais conceitual do RS?
Jamur Bettoni : Acho que Caxias é muito forte, somos referencia, devemos demonstrar e lutar por isso, Dizer que outros lugares são referencia já prova o quanto estamos se lixando para a “cena”.
Projeto A.C.M.E: Defina Jamur Bettoni como DJ?
Jamur Bettoni : Um DJ que será o que quiserem que seja. Não precisa provar mais nada para ninguém a não ser pra si mesmo. Sempre foi polemico e sinceridade incomoda as pessoas, Aprendeu que não precisa ser radical para conquistar as coisas boas da música eletrônica, isso só afunda, como vem acontecendo com alguns.
Projeto A.C.M.E: Deixe sua mensagem para todos aqueles que buscam conquistar seu espaço na Cena Gaúcha...
Jamur Bettoni : Você que pretende se destacar em alguma coisa na vida, se prepare para ser bombardeado e criticado por todos os lados, desde pessoas que tem algo bom pra acrescentar a aquele que só vai meter pau em você a vida inteira não importa o que você faça, é o preço do sucesso. Errado ou certo faça! Procure ouvir os mais experientes e seja muito, mas muito humildade. O orgulho mata, reconheça os erros e não tenha medo de pedir desculpa ou perdão. Corrija no tempo certo. Acho que isso vale principalmente para alguns que eu citei ai em cima, se vcs entrarem na pilha de pessoas erradas, não conquistarão nada e aqui em Caxias é impressionante como isso acontece. São conselhos que não tive oportunide de ouvir, se quiserem o façam !Podemos sempre construir um novo final, mas não tem como começar de novo!
Playlist
Oliver koletzki feat fran – Sibéria
Reflekt - Need To Feel Loved (Adam K and Soha Vocal Mix)
M.A.N.D.Y. And Booka Shade – Donut (gui borato)
Passenger 10 - Needles And Pins (Original Mix)
Groove Armada - I Won't Kneel (Joe and Will Ask Remix)
Paul Harris - The Take [Sultan & Ned Shepard Dub Mix
Sharam - Dont Say A Word (Christian Smith Remix)
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