terça-feira, 20 de abril de 2010

Entrevista com o dj Fran Bortolossi


Nome: Francisco dos Santos Bortolossi

Cidade: Farroupilha

Idade: 24 anos

Estilo: House e vertentes, Techno e vertentes





Projeto A.C.M.E: Como e quando começou o seu contato com a música e o que levou você a ser DJ?
Fran Bortolossi: Sempre fui conectado com a música, minha mãe é pianista, e meu avô tocava acordeon. Desde criança tive contato com o piano e com violões, estudei violão com o Luis Ortiz, um dos integrantes da orquestra da UCS e formado em música erudita pela UFRGS, e estudei piano com livros e publicações que eram vendidas nas bancas de revistas, isso antes mesmo de estudar violão. Me lembro que colei diversos adesivos no piano da minha mãe pra aprender qual o nome de cada nota musical. Após isso, me apresentei tocando violão em alguns lugares, tive algumas bandas informais com amigos, e em 2004 viajei pro Canadá para aprender inglês. Lá conheci uma galera que era clubber, amigas de São Paulo e um grande amigo de Belo Horizonte, que me levaram pra uma balada eletrônica.
Nessa festa estava tocando Mauro Picotto, e nessa ocasião, eu considero que tenha sido a primeira vez que eu curti música eletrônica mesmo. Claro que antes disso eu havia tido contato, em diversas festas pela região, mas confesso que a música pop e fácil nunca me atraiu de verdade, e na maioria das vezes, era e é o que rola por ai.
Voltei pro Brasil e comecei a produzir eventos, coisa que eu fazia desde meus 16 anos de idade, onde fazia festas com bandas de rock de amigos na sede campestre do clube do comércio em Farroupilha. Nisso, foi questão de tempo para me tornar DJ. O irmão do meu melhor amigo tinha os equipamentos, e numa festa que fiz lá em casa, comecei a gravar um monte de cds e tentar mixar, foi ai que tive meu primeiro contato como DJ.

Projeto A.C.M.E: O que você pensa quando fala de música eletrônica e o que ela representa para você?
Fran Bortolossi: Pra mim é um pouco complicado falar da música eletrônica separadamente da música instrumental ou cantada. Acho que música é música e não importa onde ela é feita, se é feita numa caixinha de fósforo ou num computador. O que me levou para o mundo da música eletrônica com certeza foi a diversão, pessoas dançando e curtindo, e essa possibilidade é o que mais me fascina nela. Pra mim a música sempre teve parte importante na minha vida, deixava de sair pra ficar bebendo e tocando violão e piano com meus amigos, ou tentando aprender novas músicas. E isso acontece até hoje, mas de uma forma diferente. Hoje passo horas e horas pesquisando, ouvindo sets e vendo o que é melhor para tocar, o que mais vai agradar as pessoas, procurando músicas dançantes sem serem apelativas e enjoativas.

Projeto A.C.M.E: Qual sua opinião sobre a cena eletrônica no Estado?
Fran Bortolossi:Eu acho um pouco complicado falar em cena, em cenário, todas essas coisas que ouvimos diariamente. Minha opinião sobre a música que toca nas festas no geral, não é boa. Acho que as pessoas confundem algumas coisas. Ouvi uma vez que música underground não é música com barulhos aleatórios, e eu concordo com isso. Música underground é música que não está no main stream, essa é a grande verdade. E música que não está no main stream, nós temos um universo gigante! Tem tanta, mas tanta coisa acontecendo hoje em dia, que é complicado ficar limitado. Dizer, ah, eu toco techno porque techno é underground, ou, eu toco house porque o house é underground. Rotular a música nunca foi e nem vai ser uma boa idéia.

Projeto A.C.M.E:Você tem algum projeto focado para a nossa Cultura?

Fran Bortolossi: Eu tenho alguns projetos. Tive a We Love House Music, e hoje em dia tenho a Colours e é nela que estou totalmente focado. Acho que ela foi a grande responsável pelo ressurgimento com força do House e do Techno na serra gaúcha, com certeza terão pessoas que podem discordar disso, mas foi exatamente há um ano atrás que ela surgia e colocava mais de 400-500 pessoas por mês numa balada ouvindo DJs com um conceito grande dentro desse universo. Fico feliz em poder encher a boca falando que em 9 edições, nenhuma chacota tocou na Colours.
Em breve também terei um projeto junto com o Thobias, que é um DJ que eu acredito, na pistinha do havana.

Projeto A.C.M.E: Qual sua expectativa para a Cultura Eletrônica do estado para 2010 ?

Fran Bortolossi:Eu espero que Caxias e Farroupilha continuem com pessoas interessadas, com esse público cada vez mais ligado e com DJs mais qualificados a cada dia que passa. A galera está ligada quem é quem. Quanto ao resto do estado eu não me importo muito. Espero que Passo Fundo, Nova Prata, Santa Maria continuem fazendo um bom trabalho também. Acho que o interior do RS tem que continuar segurando as pontas da música eletrônica como tem feito há alguns anos, a Capital infelizmente não é mais referência salvo raríssimas exceções.

Projeto A.C.M.E: Para você aonde é que tem a cena mais conceitual do RS?
Fran Bortolossi:Eu acho que em Passo Fundo tem o público mais inteligente, e por exigência do público, tem alguns dos melhores DJs do estado.

Projeto A.C.M.E: Defina Fran Bortolossi como DJ?

Fran Bortolossi: Um DJ importado com a pista, que se preocupa em levar coisas novas pro público, e tem bastante cuidado com a mixagem, com a construção do set, e com a harmonia das músicas.

Projeto A.C.M.E: Deixe sua mensagem para todos aqueles que buscam conquistar seu espaço na Cena Gaúcha...

Fran Bortolossi:Trabalhe com cuidado e respeito com os outros DJs, RESPEITE ACIMA DE TUDO O PÚBLICO que é quem vai te colocar em cima do palco, e saiba ser flexível com o horário que você vai tocar. Tem som pra toda hora, pense nisso e pesquise.


Set list:
1 – Gotye – Heart´s A Mess – Supermayer Remix [Kompakt]

2 – Lusine – This Things [Ghostly Internacional]

3 – The XX – Crystalised (Rory Phillips Remix) [White Label]

4 – Tigerskin – Everybody Likes Ollie [Audiomatique Records]

5 – Ame – Rej [Defected]

6 – Henry Saiz – They Came From The Light (Guy J Remix) [Natura Sonoris]

7 – Evans, Waterfall – Cafe loco (Mendo Remix) [Clarisse Records]

Nenhum comentário:

Postar um comentário